Num local discreto e lindo, exatamente em frente à Igreja Saint-German-des-Prés, em Paris, uma sociedade secreta conspira. Alguma vertente da maçonaria? Nada disso. A sociedade em questão envolve utensílios de design, música excelente e um suntuoso quartel-general em preto e branco. É o LA SOCIETÉ, último empreendimento dos irmãos Costes, “Midas” gastronômicos e hoteleiros que, com um toque, transformam ambientes vazios em cheios.
O salão elegante leva a assinatura de Christian Liaigre e co-existe em perfeita sintonia com as pérolas, tailleurs, paletós e escarpins que avaliam silenciosamente cada novo entrante, sem afetação. É o crème de la crème parisiense, predominantemente feminino no almoço e bastante variado no jantar, que busca um dos restaurantes da grife em busca de comida correta, bons vinhos e “ver e ser visto”.
O restaurante fica no prédio da “Sociedade de Estímulo à Indústria Nacional” e, segundo os franceses, é para onde o pessoal da moda corre quando o Café de Flore está cheio. Lá experimentei o melhor serviço dentre todos os estabelecimentos do grupo, que compreende os já “badalados” Costes (no Hotel de mesmo nome) e o L´Avenue, paraíso dos turistas da Rive Droite.
Desconfiei, num primeiro momento, da eficiência da atendente lindíssima cujas pernas intermináveis encontravam um short diminuto. Uma pitada de inveja? Não. Minha desconfiança tinha origem: a estada no Hotel Costes, há dois anos, foi uma das piores experiências que tive em Paris. Serviço deplorável e afetado, com quartos escuros de um veludo asfixiante e acompanhantes “suspeitas” no sobe e desce dos elevadores. Já o restaurante do Hotel é de uma elegância ímpar, com salas adoráveis circundando um belíssimo jardim de Inverno, ainda mais simpático no Verão. Infelizmente, o lindo ambiente era constantemente obscurecido pelo péssimo serviço, fruto da fórmula “carinhas bonitas” que implicava em um staff de altíssima rotatividade e, portanto, baixo treinamento. No La Societé, a estória foi outra.
O espaço é dedicado à música e à arte. Há inúmeras esculturas em exibição que podem passar despercebidas dada a grandeza do ambiente, desde algumas peças em mármore carrara até outras com materiais diversos. O piano no salão dá a pista de que à noite pode-se ouvir jazz e blues ao vivo.
Os pratos são os mesmos que já brilham nas outras casas: pães deliciosos de crosta dura servidos com a manteiga de Echiré; tartare de robalo com laranja, coentro e chili; deliciosas vagens com xerez e balsâmico na entrada; frango orgânico com curry delicado e toque de leite de côco e chutney; ou sobremesas como a pannacota com mirtilos. Não evite também a boa seleção de queijos, como o Saint-Marcellin da maison Renée Richard, em Lyon, a preferida de Paul Bocuse.
Infelizmente não tenho imagens do local, então me despeço com o balé da equipe do vizinho Café de Flore. Bon appétit!
LA SOCIETÉ
4, Place Saint-Germain-des-Prés
Tel: 33 (0)1 53 63 60 60
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