ESPELHO, ESPELHO MEU...
Tome uma ricota delicada, untuosa e de boa
procedência. Para que brilhe basta um bom pão, um fio de azeite e voilá! Mas
não... Vem o momento “espelho meu” e o cozinheiro não admite que ela não traga sua assinatura. A pobre ricota será então esferificada, processada, engrossada, desidratada,
gelificada, ou ainda, misturada com 15 ingredientes que não se
dão.
Parece que o mundo vive uma espécie de adolescência gastronômica, em que diante de tantas técnicas, apetrechos e produtos de toda parte, a tentação é experimentar.
Parece que o mundo vive uma espécie de adolescência gastronômica, em que diante de tantas técnicas, apetrechos e produtos de toda parte, a tentação é experimentar.
Como genialidade é algo raro, ando cansada das tentativas de se criar algo original. Estou cada vez mais crua,
direta e franca nas escolhas. Quero pratos simples e com bons
ingredientes, e precisei de 20 longos anos pantagruélicos pra descobrir que
isso me deixa genuinamente feliz.
Buscando bons ingredientes fui parar no Il Buco
Alimentari e Vineria, em NoHo, Nova Iorque. Ouvira dizer que na deli da
entrada havia um bom salame, curado na casa, e um bom pecorino, de importação
exclusiva da Fossa (cova) dell’Abondanza, na Emilia Romagna. E que ambos
poderiam ser comidos com os pães fresquinhos como o de lentilhas, o de figos e
avelãs e outros tradicionais italianos como ciabatta e focaccia. “Sem mais,
despeço-me”, pensei.
Mas bastou uma espiadela no salão rústico-metal-cool do restaurante pra decidir ficar pro almoço. O cardápio é enxuto e a carta de vinhos, deliciosa, com ótimas opções em copo da Itália e EUA.
O jazzinho gostoso embalou meu pratos...
A ricota estava lá, com lâminas de beterraba que felizmente não ofuscaram seu brilho. A melhor das entradas. |
Vista da mesa comunitária, com a cozinha aberta ao fundo. |
Spaghetti com creme de bottarga. Preferiria que a bottarga fosse em lascas para que a pungência das ovas se alternasse com a neutralidade da massa. Ainda assim, muito bom. |
A panna cotta estava leve e divina e, supostamente, viria com balsâmico envelhecido por 10 anos. Foi batizada (sem qualquer explicação) com um balsâmico jovem. Fechei os olhos e dei mais uma colherada. |
E ainda arrematei o almoço com meu passito preferido, o Bukkuram do Marco de Bartoli.
Finda a comilança, suspirei e olhei ao redor. Havia velhinhos elegantes, jovens largados, amigos às gargalhadas e famílias reunidas. A mistura ali, felizmente, é no salão e não nos pratos. Receita pra um estômago feliz.
IL BUCO ALIMENTARI e VINERIA
www.ilbucovineria.com
53, Great Jones St. - NoHo
+1 (212) 837-2622
Horários:
de segunda a quinta:
almoço de meio dia às 15hs
jantar das 18hs à meia-noite
sextas e sábados:
almoço de meio dia às 15hs
jantar das 18hs à 1h
domingos:
almoço de meio dia às 15hs
jantar das 18hs à 23hs
Amei o blog...e o post tb...também ando assim...preferindo o simples...mas pantagruélico foi sensacional rsrsrsrs eu estava com uma palavra o dia todo na cabeça "gregário" e essa sua palavra me fez mudar de pensamento rs
ResponderExcluirvou continuar passando por aqui...
Obrigada, Lóis! Grande abraço, Cris.
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