domingo, 6 de janeiro de 2013

Il Buco Alimentari e Vineria, New York


ESPELHO, ESPELHO MEU...


... Existe alguém mais lindo do que eu? Não, isto não é um conto de fadas. É a história que se repete mundo afora, no momento em que o chef escolhe um produto simples, perfeito e... pimba! Decide soterrá-lo sob a sua vaidade.

Tome uma ricota delicada, untuosa e de boa procedência. Para que brilhe basta um bom pão, um fio de azeite e voilá! Mas não... Vem o momento “espelho meu” e o cozinheiro não admite que ela não traga sua assinatura. A pobre ricota será então esferificada, processada, engrossada, desidratada, gelificada, ou ainda, misturada com 15 ingredientes que não se dão. 

Parece que o mundo vive uma espécie de adolescência gastronômica, em que diante de tantas técnicas, apetrechos e produtos de toda parte, a tentação é experimentar.

Como genialidade é algo raro, ando cansada das tentativas de se criar algo original. Estou cada vez mais crua, direta e franca nas escolhas. Quero pratos simples e  com bons ingredientes, e precisei de 20 longos anos pantagruélicos pra descobrir que isso me deixa genuinamente feliz.

Buscando bons ingredientes fui parar no Il Buco Alimentari e Vineria, em NoHo, Nova Iorque. Ouvira dizer que na deli da entrada havia um bom salame, curado na casa, e um bom pecorino, de importação exclusiva da Fossa (cova) dell’Abondanza, na Emilia Romagna. E que ambos poderiam ser comidos com os pães fresquinhos como o de lentilhas, o de figos e avelãs e outros tradicionais italianos como ciabatta e focaccia. “Sem mais, despeço-me”, pensei.


Mas bastou uma espiadela no salão rústico-metal-cool do restaurante pra decidir ficar pro almoço. O cardápio é enxuto e a carta de vinhos, deliciosa, com ótimas opções em copo da Itália e EUA.

O jazzinho gostoso embalou meu pratos...

A ricota estava lá, com lâminas de beterraba que felizmente
não ofuscaram seu brilho. A melhor das entradas.

Polvo com grapefruit, cenouras e alho negro.

Lasagnette. Simples e perfeito.
Vista da mesa comunitária, com a cozinha aberta ao fundo.

Spaghetti com creme de bottarga.
Preferiria que a bottarga fosse em lascas para que a pungência
das ovas se alternasse com a neutralidade da massa.
Ainda assim, muito bom.

Orata, grelhada com um fio de azeite e limão confit.
Deliciosa.


A panna cotta estava leve e divina e, supostamente, viria
com balsâmico envelhecido por 10 anos.  Foi batizada (sem
qualquer explicação) com um balsâmico jovem.
Fechei os olhos e dei mais uma colherada.


E ainda arrematei o almoço com meu passito preferido, o Bukkuram do Marco de Bartoli.

Finda a comilança, suspirei e olhei ao redor. Havia velhinhos elegantes, jovens largados, amigos às gargalhadas e famílias reunidas. A mistura ali, felizmente, é no salão e não nos pratos. Receita pra um estômago feliz.

IL BUCO ALIMENTARI e VINERIA
www.ilbucovineria.com
53, Great Jones St. - NoHo
+1 (212) 837-2622

Horários:

de segunda a quinta:
almoço de meio dia às 15hs
jantar das 18hs à meia-noite

sextas e sábados:
almoço de meio dia às 15hs
jantar das 18hs à 1h

domingos:
almoço de meio dia às 15hs
jantar das 18hs à 23hs










2 comentários:

  1. Amei o blog...e o post tb...também ando assim...preferindo o simples...mas pantagruélico foi sensacional rsrsrsrs eu estava com uma palavra o dia todo na cabeça "gregário" e essa sua palavra me fez mudar de pensamento rs
    vou continuar passando por aqui...

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