Claudio, que comanda a cozinha, é filho de Armando, o falecido fundador, e pai da Fabiana, que divide a coordenação do salão com seu marido Mario, que aliás é o sommelier. Entendeu? Pois é. Assim funciona a simpática trattoria “Armando al Pantheon”, com todos juntos e entrelaçados como fios de spaghetti.
Nicola, que nos levou ao local, entra como estivesse em casa e se atraca aos pulos com a família toda, num lindo abraço coletivo. Era o primeiro dia da viagem pela Itália, estávamos cansados e virados (alguém dorme em avião?) e confesso que gostaria de um abraço reconfortante como aquele. Mas a fome urgia, o estômago urrava e começamos a comilança.
Chegou a linguaccia romanista. A linguaccia, uma brincadeira que quer dizer algo como “tagarela”, veio lindamente representada por esse tozzetto com favas. O untuoso guanciale fazia o papel de “língua” de fora. O espocar das favas na boca e o pão quentinho apaziguaram a minha gula e me fizeram esquecer da coluna que resmungava.
A pajata, que conheci no Sora Margherita na versão tradicional [veja aqui], era agora de cordeiro e veio grelhada com torradinhas. Deliciosa.
Em seguida, o rigatoni alla gricia, precursor da matriciana. Comumente preparado na região antes da descoberta da América e da conseqüente chegada dos tomates à Europa, é simplicidade traduzida em guanciale, pepperoncino e queijo pecorino. Regulou meu fuso.
O bolitto alla picchiapò, parte fundamental da tradição romana, nasceu da necessidade de se reaproveitar as sobras. O músculo que se usa pra obter o caldo de carne é sempre cozido à exaustão. Alguém teve a brilhante idéia de juntar a carne já macia e temperá-la com tomates, cebola e salsa. Precisa de algo mais?
O Abbacchio brodetatto é outro clássico da tradição do Lácio, comido em geral depois da Páscoa e preparado com carne de cordeiro, ovos e limão. Um dos melhores da sequência. Voltar ao Brasil pra quê?
O cansaço da viagem converteu-se em felicidade. E parei de invejar a acolhida do Nicola pois aquela tarde de pratos fartos com ingredientes tradicionais e de qualidade, preparados e servidos por uma família adorável, valeu como um grande e generoso abraço! Vá lá ganhar o seu.
O "abraço" traduzido em competência e atenção de Claudio e Fabiana. |
ARMANDO AL PANTHEON (desde 1961)
www.armandoalpantheon.it
Salita dei Crescenzi, 31
Tel: 06.6880.3034
Fechado aos sábados à noite e aos domingos.
Bellissimo post!!!!Conosci Roma come una romana vera!!!
ResponderExcluirUm dia vou, Chico! Ah, vou!!
ExcluirBravo, Cris!!!!!!!!!!!!
ResponderExcluirLovely! Ainda bem que eu ainda não publiquei meu post. Ia ser espancado e humilhado pelo teu...
ResponderExcluirGrazie infinite!! Un abbraccio a te da tutti noiiii. Fabiana
ResponderExcluirFabiana! Buongiorno e um abbraccio grandissimo da Rio per tutti voi! Successo!
ExcluirBravo Cristiana! Armando è uma casa recheia de amor, gosto e paixão! Tudo de bom....Nicola
ResponderExcluirCristiana , começo respondendo à sua pergunta: voltar pra quê ? Para ir ao Bazzar e usufruir das benesses das suas viagens ! Para ler essas maravilhosas crônicas que você nos brinda ! Acrescento a tudo que você disse o seguinte: não se vai ao ARMANDO AL PANTHEON , se fica ! Foi o que aconteceu comigo várias vezes , fomos ficando...ficando....regiamente tratados ! Voltei lá hoje, com a preciosa leitura , pelo que muito lhe agradeço !
ResponderExcluirVocê não pára, Luiz Edmundo! Já vi que andamos nos "errando" por pouco! Grande abraço, Cristiana.
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