Até ontem, nesta viagem à África do Sul, o mar de
vinhos e cervejas que me banha não trazia à deriva nenhuma garrafa que me
falasse à alma. Felizmente, as imensas ondas do Oceano Índico que estouravam
furiosamente sobre as pedras do restaurante em Kalk Bay Harbour, me
trouxeram o Cape Point Isliedh Sauvignon Blanc 2010.
Ando evitando a Sauvignon por conta da
abundância de exemplares no Brasil de um maracujá óbvio, monocromático e, por
vezes, insuportável. Mas este vinho é outra estória.
Onde está Alfred? |
A vinícola Cape Point fica a apenas 200
metros da praia e o nome que batiza o rótulo é da neta do produtor. A menina
deve ser uma espoleta, pois as notas de pólvora no vinho eram evidentes. Outras
notas herbáceas, cítricas e forte presença mineral, fizeram com que o vinho
ganhasse as cobiçadíssimas 5 estrelas de John Platter, o mais respeitado crítico
sul africano. Aliás, a vinícola já conquistou 11 vezes as 5 estrelas de Platter
nos últimos 6 anos (e, confesso, nunca havia ouvido falar dela).
Esse vinho será sempre para mim a tradução
engarrafada da brisa do mar, do “crayfish” gigante, da vista de Kalk Bay e, finalmente, de Albert,
nome que imediatamente dei ao leão marinho que, como eu, traçava peixe atrás de
peixe do lado de lá da janela.
Pela estrutura, acho que o Isliedh ainda tem
uns 4 anos de boa bebida pela frente. Até lá, torço pra que Yemanjá, a rainha
do mar e a melhor representante da conexão afro-brasileira, inspire uma
importadora a trazer em suas espumas umas garrafinhas pro Brasil.
Cape Point Isliedh Sauvignon Blanc 2010
South Africa
Cape Point Isliedh Sauvignon Blanc 2010
South Africa
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