domingo, 8 de janeiro de 2012

Um gole sul africano - Cape Point


Até ontem, nesta viagem à África do Sul, o mar de vinhos e cervejas que me banha não trazia à deriva nenhuma garrafa que me falasse à alma. Felizmente, as imensas ondas do Oceano Índico que estouravam furiosamente sobre as pedras do restaurante em Kalk Bay Harbour, me trouxeram o Cape Point Isliedh Sauvignon Blanc 2010.

Ando evitando a Sauvignon por conta da abundância de exemplares no Brasil de um maracujá óbvio, monocromático e, por vezes, insuportável. Mas este vinho é outra estória.

Onde está Alfred?

A vinícola Cape Point fica a apenas 200 metros da praia e o nome que batiza o rótulo é da neta do produtor. A menina deve ser uma espoleta, pois as notas de pólvora no vinho eram evidentes. Outras notas herbáceas, cítricas e forte presença mineral, fizeram com que o vinho ganhasse as cobiçadíssimas 5 estrelas de John Platter, o mais respeitado crítico sul africano. Aliás, a vinícola já conquistou 11 vezes as 5 estrelas de Platter nos últimos 6 anos (e, confesso, nunca havia ouvido falar dela).

Esse vinho será sempre para mim a tradução engarrafada da brisa do mar, do “crayfish” gigante, da vista de Kalk Bay e, finalmente, de Albert, nome que imediatamente dei ao leão marinho que, como eu, traçava peixe atrás de peixe do lado de lá da janela.

Pela estrutura, acho que o Isliedh ainda tem uns 4 anos de boa bebida pela frente. Até lá, torço pra que Yemanjá, a rainha do mar e a melhor representante da conexão afro-brasileira, inspire uma importadora a trazer em suas espumas umas garrafinhas pro Brasil.


Cape Point Isliedh Sauvignon Blanc 2010
South Africa




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