terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Os embalos do Soho, dia e noite - Osteria Morini, Nova Iorque

Quando soube que Michael White, que construiu sua fama com restaurantes italianos de luxo como Alto, Convivio e Marea, havia inaugurado um restaurante simples e descolado no Soho, só pensei nas pedradas que iria levar. Público e crítica se habituam a um estilo e não fazem concessões. Passadas as primeiras resenhas e a pressão inicial, o que sobra, sinceramente, é uma delícia de restaurante.

A rua não é particularmente interessante e a tímida porta de entrada também não parece prometer grande coisa, mas uma vez dentro da casa, o salão único com muita madeira rústica, pratos pintados a mão e cadeirinhas de Van Gogh nos abraçam imediatamente.


Ao fundo, o adorável movimento da cozinha aberta hipnotiza os comensais que se deliciam com o cardápio da região de Emilia-Romagna, no norte da Itália.

As massas são realmente concebidas como primeiro prato e vêm em porções reduzidas, o que achei ideal, mas alguém que pretenda pedi-las como único prato deve reforçar sua escolha com uma entrada.

Comecei com rúcula com lascas de parmigiano e cogumelos crus.

Adorei o levíssimo gnocchi de ricotta ao molho de tomate, com poucas e boas fatias de prosciutto.

As carnes e peixes, em contrapartida, têm porções gigantescas, como o suculento skirt steak com batatas ao alecrim e cogumelos.

A carta, outra grata surpresa, foge dos rótulos batidos e aposta em pequenos produtores italianos.

Pra arrematar, pedi que meu café viesse junto com a sobremesa e fiquei surpresa com o despreparo da garçonete que afirmou impacientemente: “não posso controlar o tempo das coisas que saem de lugares diferentes”. Neste momento, bateu-me uma pequena saudade do Brasil, onde garçons atendem a estas e outras demandas, com mais simpatia e menos atitude.

A pannacota chegou, naturalmente, muito depois do café. Dispensaria a camada bastante espessa de geléia que, mesmo suavizada pela laranja, ofuscou o creme delicado. Em compensação, veio apresentada nesse lindo e tosco pote de vidro.

Ainda que você não vibre com a simplicidade dos pratos que fizeram a minha alegria, talvez vibre com a passagem do metrô subterrâneo que sacoleja o salão em intervalos regulares. Aproveitei literalmente o "embalo" para anotar a parada mais próxima: line 6 to Spring St. Voltarei.

OSTERIA MORINI
http://www.osteriamorini.com/
218, Lafayette Street - Nova Iorque
Tel: 212.965.8777
Brunch: 11:30hs às 16:00hs (aos sábados e domingos)
Almoço: 11:30hs às 15:30hs (segunda a sexta)
Jantar: das 17:00hs à 1:00h (terça a sábado)
Jantar: das 17:00hs à 00:00h (domingo e segunda)

4 comentários:

  1. Olá Cristiana,

    Fiquei sabendo do seu blog pelo do amigo Bruno Agostini. Gostaria primeiro de parabenizá-la pela qualidade dos textos e das fotos. E depois pela cobertura de NY, cidade que nunca fui, mas compro muitos vinhos lá (para mim é o melhor lugar do mundo para comprar vinhos). Por falar em vinhos fiquei interessado em conhecer esse Moro del Moro, ele é de Emilia-Romagna? Você conhece o rótulo Pietramora do produtor Zerbini, dessa mesma região?

    Bem vou ficando por aqui e voltarei mais vezes no seu blog.

    Eugênio Oliveira
    www.decantandoavida.com

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  2. Olá Eugênio! Bem vindo ao blog! Esse delicioso vinho é da Regio Emilia, capital da região da Emilia-Romagna que inspirou todo o cardápio da Osteria Morini.
    A vinícola, que fica no sopé da colina Matildiche, tem produção super limitada, por isso acho que nunca veremos (acho...) esses vinhos aqui pelo Brasil. Eles devem priorizar mercados maiores para os excedentes que não são consumidos localmente.
    Realmente é uma boa comprar vinhos nos EUA. As taxas brasileiras fazem o consumo de bons importados cada vez mais inviável.
    Não conheço o Pietramora. É bom? Agora lá vou eu visitar o seu blog. Grande abraço, Cristiana.

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  3. Cristiana, obrigado pela resposta. Adicionei seu blog em nossa Cave de Links. Quando for ao RJ visitarei seu restaurante com certeza.

    O Pietramora é um vinho muito bom! +/- 95% sangiovese e o resto de ancellotta. A 1 safra ocorreu em 1985 e só sai nos melhores anos. Quem trazia para o Brasil era a Vinci, mas não sei se ainda traz esse vinho (o produtor é a Fattoria Zerbina) e custava uns 160 dólares. Em NY custa $30.

    Um abraço e estarei sempre visitando esse espaço em busca de dicas, como as de NY.

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  4. Que bacana, Eugênio. Obrigada por incluir meu link. Esqueci de dizer que o corte do Moro del Moro é 60% Pinot Noir, 30% Ancellotta e 10% Pjcol Ross. Bastante equilibrado na boca, com muita fruta. Abraço!

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