terça-feira, 2 de novembro de 2010

Cozinha à sua moda - Gold, Clandestino, Nobu - Milão

Milão gira em torno da indústria da moda. Não é de se admirar que os locais mais badalados sejam de marcas de alta costura. Ali, tudo conta: da escolha dos utensílios ao uniforme dos garçons, da decoração à música ambiente. O desfile é para os olhos. Difícil mesmo é mantê-los na comida.

Vamos às principais sugestões da Estação:

GOLD, de Dolce Gabbana
www.dolcegabbana.com/gold
Via Carlo Poerio, 2 - Milão
Bistrot (andar de baixo) – aberto das 12:00 às 24:00hs
Entradas em torno de 12,50 euros / Pratos em torno de 18 euros

O ambiente é total, e propositalmente, “over”, com grandes detalhes em dourado e imensos espelhos comunicando opulência e luxo. O chamado “Bistrot” é, na verdade, um suntuoso restaurante, com cardápio bastante completo. Achei o ambiente do Bistrot mais agradável e menos formal do que o do restaurante no primeiro piso, além do cardápio ser consideravelmente mais barato.


De um modo geral, os pratos foram corretos e o serviço atencioso. Pra mim a estrela foi a carta de vinhos, com preços justos e boa oferta de rótulos. Tomamos um delicioso Barolo La Spinetta 2000. Dos pratos, comi uma deliciosa flor de abobrinha recheada com um tipo de ricota tão etéreo e macio que se desfazia na boca. Chegamos em plena estação de trufas e os preços desse cardápio especial estava corretíssimo. Esbaldei-me.

CLANDESTINO
http://www.maisonmoschino.com/
Viale Monte Grappa, 12 – Milão
Aberto todos os dias, para almoço e jantar.
Entradas em torno de 25 euros / Pratos em torno de 35 euros



Um dos mais badalados é o Hotel da Maison Moschino, construído numa antiga estação de trem. O local tem dois grandes trunfos: o bar (lotado, lotado, lotado) e o restaurante CLANDESTINO. O ambiente do hotel é surrealista, inusitado e bastante feminino, com vestidos pelas paredes e atmosfera de sonhos. No restaurante fui impactada pelo amável e caloroso serviço. Esperava um local cheio de “atitude”, mas ao contrário, recebemos um atendimento simpático e eficiente. O cardápio é assinado por Moreno Cedroni, chef que já conseguiu duas estrelas Michelin com seu “La Madoninna del Pescatore”, no Marche.

Abrindo o desfile um pequeno hambúrguer de “amuse bouche”. Seguimos com escalope de vieiras com caviar, azeite extra-virgem, raspas de limão e arroz. Na passarela, robalo com alcachofras em purê e em cubos e foie gras (detalhe do lindo do espeto crocante feito com a casca do peixe) e também recomendo os lagostins com legumes, cogumelos, brotos variados e lascas de batata roxa sobre purê de abóbora. As sobremesas são ainda mais inventivas, com destaque para a massa folhada de aipo crocante com mousse de avelã e gengibre, mozzarela e sorvete de pimenta de Sichuan. Loucura? Sim, mas deliciosa.

Mas o melhor da noite foi o vinho Breg Amphora 2004, do produtor do Friuli, Gravner. Leia mais sobre minhas impressões no blog de Bruno Agostini aqui.

NOBU, na ARMANI
Via Pisoni, 1 - Milão
02.62312645
O restaurante:
De seg a Sab, de meio-dia às 14:30hs
De seg a dom, de 19:30hs às 23:30hs.
Menu degustação – 90 euros / pratos em torno de 40 euros

E quando me perguntava por onde andavam os milaneses, já que a maioria dos restaurantes da cidade não estava lotada, descobri que todos os caminhos levam ao Nobu, dentro da loja Armani.

A entrada se dá pelo Lounge/ Bar, um enorme salão com pé direito alto, de traços retos, mesas simétricas e iluminação intimista. Absolutamente repleto de fashionistas ultra bem vestidos, com cabelos esculpidos e grifes pra todo lado. Nesse andar, se pode escolher entre quatro tipos de Bento Box (duas à base de peixe, uma à base de carne e uma vegetariana). No segundo andar, mais sóbrio e mais claro, ficam o restaurante e o sushi bar. O ambiente é igualmente agradável e menos barulhento.

A bebida oficial é naturalmente o saquê. A carta tem pérolas como o HOKUSETSU DAIGINJO YK35. O que pode soar como nome de lubrificante para automóvel made in Japan, na realidade é um dos melhores saquês do mercado, cuja fabricação é exclusiva para o Nobu. Leia mais aqui.

O Nobu já alcançou fama mundial, embora acredite que em determinadas regiões seja mais difícil executar um tipo de cardápio que gira em torno de peixes quando a oferta não é tão variada, tão abundante, nem tão fresca.

Fui, obviamente no Omakase, aquele exagero de sete pratos, usualmente reservado para os glutões da minha espécie. Se você não tem meu estômago, opte sem dúvida pela marca registrada de Nobu: o Bacalhau Negro no Miso (aqui, Merluzzo Nero al Miso). O bacalhau fresco é assado em baixa temperatura, sem temperos, por 48 horas. Em seguida, adicionam a pasta de soja branca e espalham sobre o peixe, deixando numa salamandra por mais duas horas, até que o bacalhau fique selado com um caramelo delicioso. O resultado é um peixe mais que macio, de sabor delicadíssimo, que se desfaz em pétalas extremamente untuosas na boca. A palavra “divino” é insuficiente para descrevê-lo.

Pra quem curte moda, esse circuito é um prato cheio!

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