A recepcionista, com altura e elegância etíopes e “mega” flor nos cabelos me escolta até a mesa. No caminho, a passagem entre o bar e o primeiro ambiente exigiu dois dribles nos garçons atribulados e outros tantos nos olhares curiosos até meu destino. Sentei-me, apreensivamente, torcendo para que o movimento apertado não terminasse no colo da lourinha de óculos da mesa ao lado. Ao lado? Bem, era difícil a definição de fronteiras.
Tentei comentar que o “lugar era bacana”, mas minha voz foi abafada pela música ambiente e péssima acústica. Relaxei, gritei meu vinho e um copo d´água lançando olhares de aprovação para meu marido que tentava, desesperadamente, se fazer entender enquanto me perguntava se já podia pedir o cardápio... “O quê? Quer me passar o prato? Perdeu o guardanapo? Caiu o garfo?”. Após um curso intensivo em leitura labial, a experiência foi extremamente agradável.
O restaurante original abriu no Greenwich Village em 1937 e foi comprado e reformado pela turma dos badaladíssimos Balthazar e Pastis, que sabe fazer um lugar funcionar. Com a mesma atmosfera que é uma mistura de bistrô francês com atitude nova-iorquina a “beautiful people” da cidade disputa a tapas um lugar no bar da entrada para garantir o movimento “ver e ser visto”. Nas paredes, lambris e fotos de pugilistas. A toda a volta, abajures com luz tênue e bancos corridos de couro vermelho com tachinhas douradas permitem as mesas apinhadas e atmosfera intimista.
A carta de vinhos franco-americana se faz enxergar com dificuldade enquanto o sotaque francês dos membros da equipe irrita alguns americanos e intimida outros tantos. Os pratos são clássicos, como truta à meunière, frango da fazenda “rôti”, hambúrguer ou grandes steaks. As entradas são mais originais como salada de beterrabas sobre queijo de cabra, funcho, pistache e favas ou ainda a terrine de galinha d´angola com picles e legumes. Os acompanhamentos oferecem batatas em todas as versões, além de cenouras, espinafre e champignons. A pouca inventividade é compensada pela ótima execução, rapidez do serviço e clima animado.
Na sobremesa, várias opções pecaminosas em chocolate como a “Assiette da Maison de Jacques Torres”, Dacquoise ou ainda um delicioso Soufflé.
Se a sua busca é por badalação, “search no longer”... Minetta já!
O restaurante não permite fotos, mas posso garantir: meu fiel caderninho preto estava lá! |
MINETTA TAVERN
113 MacDougal St., New York - entre Bleecker & W.3rd Street
Tel. 212 475.3850
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