Não sei por que, mas parte da grande aventura que é viajar envolve o ato de repetir três vezes qualquer instrução, a despeito de quem estiver no volante. A fome agrava a síndrome, podendo elevar consideravelmente o número de repetições.
Assim estávamos, “ecoando” pela Nova Zelândia, com um vazio onde outrora fora o estômago. Vazio este fabricado com um sem número de retornos perdidos a caminho de uma vinícola que parecia não chegar nunca: A Kumeu River. Aliás, além dos cacófatos presentes em todas as placas de trânsito, um problema recorrente é a pronúncia. Desafio o leitor estrangeiro a tentar acertar “Kumeu River” em inglês. Tentou? Hein? Pois saiba que se pronuncia “quiu miu”. Não é irritante?
Enquanto eu e meu já canonizado marido buscávamos instruções dos locais, recebia de volta olhares surpresos em resposta a: “cool meau winery? “Ku meiou winery”? E assim fui, de sílaba em sílaba, na direção de uma das mais adoráveis “esbarradas” de todos os tempos.
Avistamos uma construção contemporânea. Parecia uma fazenda moderna... Ou não. A paisagem é de uma beleza tão presente que parece um passageiro a mais no carro. Já impacientes e famintos, chegamos sem um pingo sequer de expectativa. O zumbido surdo podia ter vindo do meu estômago, mas não: vinha de um conceito absolutamente ímpar.
O complexo chamado de BEESONLINE envolve um café, uma fazenda apícola e uma loja de produtos à base de mel. O cardápio, extremamente inventivo, não só agradou como nos impressionou consideravelmente. Há pães caseiros com redução de balsâmico e mel; ovos pochê com mel de abelha operária; pato marinado em mel de flor de laranjeira; gorgonzola com favo de mel; barriga de porco com amêndoas tostadas com mel, entre outras delícias meladas.
O ambiente do restaurante também não fica atrás. Fui durante o Outono, mas quero voltar no Inverno só pra me sentar junto à deliciosa e ampla lareira que enamora todo o salão.
Assim como a cozinha japonesa, a neo-zelandesa prima pelo visual e é extremamente colorida no prato. Comi broto de “piko-piko”, uma samambaia local, que tem a textura de um aspargo, mas um sabor totalmente original. Adorei! Ostras divinas. E mel, muito mel! O de Manuka, um arbusto local, trata infecções, é ótimo para o sistema digestivo, é anti-fúngico, anti-bacteriano e além de tudo é delicioso. Enfim, me senti uma pessoa melhor só de olhar pra ele.
Uma parada na loja também é obrigatória! Há sabonetes, shampoos e uma infinidade de produtos à base de mel. Os nomes, como disse, são a cura ou causa de uma crise de soluços: rewarewa, pohutukawa, kamahi, waiheke... e por aí vão. Ah! Como é doce o excesso de bagagem!
A Nova Zelândia foi, sem dúvida, o lugar mais lindo em que já estive: o mar de um azul caribenho encostado numa belíssima montanha nevada. A gastronomia também é ímpar, com influências das ilhas do Pacífico, Filipinas, Malásia, Polinésia e Tailândia. Realmente imperdível em todos os aspectos.
Quanto à Kumeu, “quiu miu”, “kill Bill”... é claro que chegamos lá! Mas isso é outro post.
BeesOnline Limited, Honey Centre & Cafe
791 State Highway 16
RD3 Waimauku (não falei?), Auckland, New Zealand
Tel: +64 9 411 7953
http://www.beesonline.co.nz/
Oi, Cristiana! Não conhecia seu blog de viagem... descobri por acaso, procurando informações sobre o restaurante, pra fazer uma reserva. Vou à Nova Zelândia daqui a alguns meses e adorei as dicas, valeu!
ResponderExcluirOi, Nádia!
ResponderExcluirBurramente não anotei várias dicas dessa viagem (não levei meu inseparável caderninho preto, infelizmente), mas 2 lugares ficaram na minha cabeça e vou tentar encontrá-los. Um foi um café na Ilha Sul em que você come super bem olhando... baleias fazendo balé!!! Parecia um pedaço do Paraíso. Outro é o Cinema Paradiso, um cinema perdido numa praia lindíssima, todo cult, com mesas e cadeiras dentro, cada uma de um jeito. Incrível! Vou tentar descobrir. Se conseguir, faço o post. Obrigada!